PENSANDO A MERITOCRACIA


Essa imagem recebi nas redes sociais e compartilhei sem fazer muitos comentários, por achar que a imagem explica muito mais do que meros discursos e interpretações. Mas como fui provocado, e meu intuito com essa imagem era provocar, resolvi entrar no debate da Meritocracia.

Resolvi usar esse espaço (Blog) para pensar a desigualdade e a Meritocracia, segundo a imagem acima. Então, seguindo a proposta do site, não farei nada academicista, por isso, apenas uma reflexão sobre a imagem.

Mérito, entendo como dedicação, empenho e recompensa, reconhecimento. Cracia, é em grego, forma de governo. Assim, Meritocracia seria um governo baseado no reconhecimento, recompensa de sua dedicação, empenho. Até aí, Meritocracia parece ser ótimo e se explica em si. Porém a imagem nos induz a pensar a desigualdade social, em meio a essa ideia de Meritocracia.

Para começar vou me posicionar, coisa que acho que todas as pessoas ou profissionais públicos, deveriam fazer. Essa ideia de imparcialidade não existe nas Ciências Humanas desde o início do séc. XX, quando se postularam perspectivas contrárias ao positivismo.

Então, não sou a favor da Meritocracia, ou seja, de um Estado desigual que entende que as diferenças sociais são apenas a dedicação das pessoas. Mas acredito sim, que, dedicação é necessária em qualquer área, em qualquer sociedade. Ser reconhecido pela sua dedicação acho fundamental para o desenvolvimento do indivíduo ou grupo. Mas agora levar o debate político isolado no mérito, eu discordo. As desigualdades não foram formadas por quem a vive, são construídas historicamente. Assim quando visualizamos a sociedade em seu todo, quando observamos as suas construções históricas percebemos que a desigualdade se impõe, e a teoria da Meritocracia se imputa como justificativa na sociedade capitalista.

A imagem acima compara duas realidades, de pessoas que nasceram em "berço de ouro" e outros não. As oportunidades são desiguais, assim os méritos também. Uma pessoa que nasce na segunda situação terá que provar seu mérito muito mais vezes do que o outro. Enfrentará discriminação social e acesso restrito à educação, saúde e alimentação. Ou seja, pensar o mérito apenas como dedicação, sem situar o indivíduo na classe social em que vive ou nasce - como pensa a meritocracia - não é uma forma de análise da que penso mais digna para se compreender os seres humanos e suas diversidades. É igual pensarmos que a lei é igual para todos. Se você tem dinheiro e dispõe de bons advogados, consegue privilégios, agora se você não tem, vai preso.

Privilégio, prestígio social, vantagem, poder são coisas que geram desigualdades e são implícitas numa sociedade capitalista e a imagem quando questiona a Meritocracia, busca fazer o seu interlocutor refletir sobre a desigualdade de crianças no lixão sem acesso as tecnologias e numa escola com acesso as tecnologias e bem vestidos. As construções históricas são implícitas quando vemos a cor das crianças, brancas num lugar limpo e limpas, e pretas ou pardas num lugar sujo - lixão. A história dos pretos e pardos no Brasil, além de coloca-los como escravos por 350 anos e a pouco mais de 120 anos como libertos, mas sem políticas públicas para essa população de histórico de marginalização, ser integrado na sociedade, leva às posições antagônicas apresentada na imagem e fundamenta a ideia de que não podemos ver a Meritocracia isolada das construções históricas de um país, o nosso, por exemplo.

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