HISTÓRIA E FICÇÃO EM BERNARD CORNWELL

Já escrevi um comentário sobre o escritor de ficção épica Bernard Cornwell. Agora anos depois da 1º postagem (http://profdanielantonietto.blogspot.com.br/2011/06/historia-e-ficcao-na-idade-media.html) e mais leituras de sua obra posso falar mais um pouco sobre seus livros e sugerir outras leituras desse escritor que faz uma ficção histórica de entretenimento muito ilustrativa da Idade Média e de qualidade.

Apesar de muito historiador arrepiar quando comentam sobre ficção histórica e épicos, eu realmente entro na contra-mão e busco nesses livros meios de ilustrar aspectos da história que muitas vezes são abstratos, e esses épicos me permite chegar ao aluno/leigo, ou até despertar o interesse pela História.

Para começo de conversa quem nunca leu livros de Cornwell, sugiro iniciar a leitura pelos que não são trilogia e são tão bons quanto. Por exemplo: "Azincurt", que fala de uma batalha inglesa na França, durante a Guerra dos 100 anos, mostrando as estratégias de sitiar um feudo até sua invasão e domínio. Outro só que de um período mais antigo, a Antiguidade Inglesa, "Stonehenge", livro de ficção que vai tentar explicar de maneira fictícia, mas embasada nas limitações históricas da época e nas crenças, como que foi construído um dos maiores monumentos da história inglesa, repleto, ainda hoje, de misticismo e teorias cabulosas. Um do Século XIX, "O Condenado", após a Era Napoleônica, onde um herói de guerra vai realizar investigações para resolver alguns casos mal explicados. Em meio as investigações ele tentará sobreviver nesse período tão impar da História Inglesa com as execuções em praça pública dos inimigos da coroa e criminosos comuns. Esses são os que li e posso sugerir, mas confesso que tenho mais apreço por Azincurt desses acima, exatamente pelas descrições de batalhas e estratégias. Mas todos são bons e buscam contar aspectos da História.

Para concluir esse post lembro da postagem feita no Facebook em 09/01/2018, onde revelei um trecho do livro "Excalibur", último da trilogia "As Crônicas do Rei Arthur", sobre uma visão dos sacerdotes (Padres, pastores, druidas, etc) e fui questionado por um amigo que já tinha lido alguns livros do Bernard Cornwell, sobre se valia apena ler essa série?

Agora que concluí a leitura do último livro, posso opinar com mais propriedade. O livro é muito bom, ele faz uma reflexão sobre um suposto Rei Arthur histórico, humano e não mítico. Só que a dinâmica do livro é mais devagar, as batalhas travadas são intensas, porém são poucas, ele da bastante destaque as disputas entre a nobreza e seus reinos, as invasões saxônicas na Bretanha e as tentativas dos britânicos expulsarem os invasores. No centro dessas disputas está o grande líder militar Arthur, filho fora do casamento do Rei. O livro se dedica bastante as disputas políticas (nobreza) e as religiosas - cultos e deuses antigos dos bretões, representado pelo druida Merlín, os deuses da Roma Antiga, cultuados por Guinevere e os soldados do círculo de Mitra e os Cristãos tendo como um de seus principais representantes o personagem Sansum. Assim, as disputas políticas e as guerras todas envolvem as disputas religiosas. São esses embates religiosos e políticos que deixam o livro menos dinâmico, mas não ruim. Para quem está acostumado a ler um Bernard Cornwell, mais intenso, em "As Crônicas Saxônicas" , "Em Busca do Graal" e "Azincurt", vai sentir a leitura menos instigante.

"As Crônicas Saxônicas" e "Em Busca do Graal" falei no meu 1º post, mas só para remediar, a primeira série é uma decalogia, e vale apena ler os 10.

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PAPEL DO SACERDOTE
CORNWELL. Bernard. Excalibur: As crônicas de Athur, Vol. 3. Rio de Janeiro. Record. 2014. P. 98.
A partir da página 96, os personagens Dervel e Merlin estão conversando sobre a Magia e a ilusão. Onde Merlin está criando um ritual - teatro para os céticos - para enfrentar os inimigos dos britânicos e a religião cristã em franca expansão na ilha.
A passagem a baixo descreve a importância dos sacerdotes em meio a fé, aos rituais e a esperança. Sim, é uma crítica muito bem feita e interessante realizada pelo autor.

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