A ESQUERDA NO BRASIL, NÃO É SÓ LULA/PT

Hoje vou falar de dois trechos do livro “A esquerda que não teme dizer seu nome” de Vladimir Safatle, que comecei a ler, e está inserido de uma forma bem lúcida nas discussões sobre a esquerda e a direita hoje. O autor se coloca de esquerda, mas não uma esquerda PT. Critica o governo PT, e aponta caminhos para uma nova esquerda, novos objetivos para ela se organizar e se desenvolver.

Vamos aos dois trechos, que fazem uma análise preliminar sobre o governo do PT, e expõe o desafeto de parte da esquerda que fica envergonhada quando ouve o rótulo limitado de que “toda a esquerda é Lula/PT”.

“Com o governo Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), no entanto continuamos obrigado a conviver com o bloqueio reiterado da reconstrução dos fundamentos gerais do campo do político, como se a imersão na ‘pior política’ fosse uma fatalidade intransponível." (SAFATLE. 2016, p. 13)

Este trecho deixa bem claro uma das ideias e crenças que Lula e o PT sempre deixaram evidente: que precisamos nos unir às elites – “pior política” - para governar, e gradualmente inserir uma nova forma de governabilidade de esquerda.

Nos anos de governo Lula e Dilma, a “pior política”, sim, foi realizada, e as questões sociais foram bem desenvolvidas durante esses governos, mas a governabilidade de esquerda incorruptível, não foi alcançada, seja para benefício próprio, seja para financiamento partidário, esse governo deixou a desejar e muito às pessoas que os elegeram.

Vamos ao segundo trecho que selecionei:

“(...), no plano político, por sua incapacidade de sair dos impasses de nosso presidencialismo de coalisão. Como se a governabilidade justificasse a acomodação final da esquerda nacional a uma democracia imobilista, de baixa participação popular direta e com eleições em que só se ganha mobilizando, de maneira espúria, a força financeira com seus corruptores de sempre.” (SAFATLE. 2016, p. 14)

Aqui Safatle, deixa bem claro sua opinião sobre o governo Lula do PT. Ou seja, afirma que nosso presidencialismo é de coalisão, um presidencialismo voltado para o capital estrangeiro e as elites nacionais, onde busca-se passar a ideia de que está “tudo bem”, pois a uma aliança entre os políticos, as grandes empresas nacionais, internacionais e os investidores estrangeiros – “pior política”. Para aqueles que gostam de afirmar que estou exagerando, é só lembrar que a Lava Jato está exatamente investigando políticos e empresas envolvidas em caixa dois e propina, e não a muito tempo, teve o escândalo da Siemens na construção do metro da capital de São Paulo. Assim o que Lula e o PT veio para mudar, não mudou em efetivo, porém suas melhorias fundamentais na sociedade como a extinção da fome e programas sociais que atendessem os menos favorecidos em nossa sociedade são bem válidos, mas não nega suas atitudes corruptíveis.

Fontes:

SAFATLE, Vladimir. "A Esquerda que não teme dizer seu nome". São Paulo, 3 Estrelas, 2016.

Jornais e revistas escritos, a exemplo de folha de São Paulo, Carta Capital, Estadão e outros.