MANIFESTAÇÕES, VIOLÊNCIA E MÍDIA.


Caso não consiga visualizar o vídeo acesse a página: http://mais.uol.com.br/view/15047491


O vídeo, "Semana de greves e protestos tumultua cenário político paulista, publicado em 25/05/2014 no site da TV Folha, UOL" é bom ao informar sobre as paralisações da semana passada em São Paulo. Porém, chama a atenção a forma como é apresentada essas informações, tendendo ao medo dos "pequenos grupos dissidentes", ao afirmar "o que eles podem fazer durante a copa", dando a impressão de que "eles" são bandidos e diferem de nós, povo "pacato" que "ama" o Brasil, e por isso não pode se manifestar durante a copa, pois podemos ser repreendidos por "culpa" deles.

Chega a ser cômico: não posso me manifestar, pois é certo que haverá repressão, já que os "grupos do mal" que também são brasileiros, e também desejam uma melhor qualidade de vida, certamente agirão de forma agressiva o que legitimará uma intervenção militar. Ou seja, a desculpa da violência por parte do Estado já é legitima antes mesmo de ocorrer as manifestações; se  houver! Assim, #FicaDica se você for se manifestar, você certamente será repreendido violentamente pelas forças militares, não por causa da sua manifestação que é legítima, mas sim pelos atos agressivos de alguns manifestantes, "do mal". Em outras palavras, a mídia e o governo querem dizer: "não se manifestem durante o evento internacional que serão repreendidos, pois queremos valorizar nosso país na frente de nossos visitantes, apesar de estarmos com muitos problemas mal resolvidos".

Por que as pessoas agem de forma violenta em manifestações?

No decorrer da Nossa História, os seres humanos ao se manifestarem sempre excederam os limites, pois os ânimos nessas situações são intensos, o instinto toma a razão, o que geralmente faz nossos sentidos mais primitivos se aflorarem, levando a perda de controle... 

Temos diversos exemplos Históricos que comprovem que as manifestações acabam levando à extremos. A priori fiquemos com os mais conhecidos no Brasil no caso de História Geral, e os mais proeminentes na História da América Latina. A Revolução Francesa (1789-1799) que derrubou o Rei Luis XVI, a Revolução Haitiana (1791-1804) que expulsou os escravocratas francesas e seus descendentes da ilha e impôs o fim da escravidão, a Revolução Russa (1917) que depôs o Czarismo do país e instalou o comunismo, e, por fim, a Revolução Cubana que implantou um governo socialista.

Todas as revoltas estrangeiras citadas acima foram violentas e vitoriosas, por isso somos informadas delas, porém são menos lembradas pela violência e mais pelo êxito. Aqui mora o perigo, no Brasil, caracterizado por um "Modernismo Conservador" - citando Raimundo Faoro -, ou seja, o Brasil foi modernizado sem grandes rupturas, havendo uma aproximação da elite agrária com a burguesia; o que transforma qualquer manifestação em pânico para essas elites.

No Brasil, tivemos diversas revoltas algumas de caráter popular e outras realizadas pelas divergências entre as elites. Cito a Revolta da Vacina (1904), por ser mais ressente, popular, urbana e onde também encontramos a destruição de bens públicos e privados. Em nosso país essas manifestações foram repreendidas, fazendo diversas vítimas, principalmente os cidadãos mais simples, tanto militares, como civis. 

Sendo manifestações estrangeiras ou nacionais, todas elas tiveram momentos de descontrole, momentos de impulsividade, momentos que os líderes temiam seus próprios colegas de manifestações, pois as divergências eram mínimas, mas não eram toleradas, assim levando à guilhotina, como no caso da Revolução Francesa. Os excessos em manifestações são comuns e sempre põem em risco o poder constituído, os governos eleitos, a elite e toda a estrutura social e política existente em seu momento, por isso o Estado intervêm, ou seja, age para legitimar o seu poder e manter a estrutura social e política vigente e se não fizer isso ele é visto como ineficiente e ilegítimo.

Para quem gostar do tema e quiser mais informações:
TIROS EM COLUMBINE E A MÍDIA
JOGOS DE VIOLÊNCIA E DE CONSCIÊNCIA SOCIAL
DE SINAIS ALIENÍGENAS À ARQUEOLOGIA.
LOGOMARCAS, IMAGENS E EDUCAÇÃO OPERÁRIA?

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