HISTÓRIA E FICÇÃO: GUERRA DO VIETNÃ

Capacete do personagem principal do filme
 "Nascido para Matar", sobre a Guerra do Vietnã e
a ambiguidade do símbolo do "Paz e Amor" com a frase
Born to Kill (Nascido para Matar).
Eu adoro filmes, livros, Histórias em Quadrinhos e seriados que se relacionam com a História. Por isso pensei em criar essa sessão que denominei “História e Ficção” e estou tentando aperfeiçoar - lá. Nesta nova postagem iniciarei uma sequência com três filmes Clássicos sobre a Guerra do Vietnã. O Primeiro é o “Nascido Para Matar” de Stanley Kubrick, posteriormente Platoon de Oliver Stone e Apocalipse Now de Francis Ford Coppola. Não farei aqui uma crítica cinematográfica apenas analisarei o aspecto histórico dos filmes em relação à História propriamente dita. Para crítica cinematográfica sugiro dentre vários outros, o site: www.omelete.com.br. 



NASCIDO PARA MATAR 



INTRODUÇÃO 
“Nascido para matar” é um filme de Stanley Kubrick ambientado na Guerra do Vietnã (1959-1975). Esta guerra foi uma luta pela independência do país que estava sob domínio de outras nações desde metade do século XIX, inicialmente pela França, depois o Japão, de 1941-1945, período da 2ª Guerra Mundial. Almejou a independência após a retirada das tropas japonesas ao fim da 2ª Guerra, porém a França requisitou a reincorporação das suas ex-colônias asiáticas.

De 1946 à 1954, a França entrou em guerra com as suas ex-colônias da Indochina (Laos, Camboja e Vietnã), na tentativa de retomá-las. O resultado foi a vitória e independência do Laos, Camboja e a divisão do Vietnã entre Norte e Sul. No Vietnã do Sul, em 1955, Ngo Dinh Diem dá um golpe de Estado e inicia uma Ditadura apoiada pelos EUA, e ao Norte, mantém-se Ho Chi Minh no poder apoiado pelos soviéticos e chineses. 

No Vietnã do Sul é formado a FLN (Frente para a Libertação Nacional) apoiada pelo Vietnã do Norte e chamada pejorativamente de Vietcongue. Como não houve o plebiscito para a união dos Vietnãs como acordado em Genebra após a Guerra com a França, a FLN intensificou suas manifestações. Com a iminente derrota sul-vietnamita, o EUA acaba por enviar tropas ao país, iniciando sua participação direta no conflito. 

Não podemos esquecer que a Guerra do Vietnã se passa durante a Guerra Fria (1947-1989), por isso há uma disputa acirrada por zonas de influência no mundo, inclusive na Ásia, e nesse caso, o Vietnã passa a ser divido por esses interesses, sendo ao sul pelo bloco capitalista representado pelo EUA e Europa Ocidental, e ao norte pelo socialista liderado pela URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (Rússia e Leste Europeu)) e China. 

FILME 
O filme refere-se à participação direta dos EUA, retratando a preparação para a guerra e a guerra urbana.


Os primeiros 45 minutos de “Nascido para Matar” é o nascimento da pessoa para um soldado, ou uma máquina de guerra, para tanto, o diretor apresenta os personagens no ato do recrutamento e a separação da família, a própria trilha sonora, dessa cena, é uma convocação para a guerra. 

Dentro do exército, os recrutas praticam diversas atividades físicas e tiro, são muitas vezes humilhados, e vivenciam uma disciplina extremamente rígida. Antes de dormir rezam, mas não uma prece comum, os recrutas rezam ao seu rifle, indicando a dependência que o soldado tem desse instrumento. A reza apresenta uma forma intensa de alienação, onde, além do rifle ser inseparável, fala para não ter clemência aos inimigos, a necessidade de matar para não morrer e que os inimigos são os comunistas e Ho Chi Minh. 

Na primeira cena da segunda parte, os agora soldados preparados para matar, estão num bar de esquina no Vietnã do Sul quando chega uma prostituta. Nas falas que se seguem eles generalizam afirmando que as profissionais do sexo são informantes dos vietcongues ou tem tuberculose.  Nesta mesma cena mostra a pobreza, miséria e o desnível tecnológico. Nas sequências de diversão ou descontração é comum mostrarem prostitutas. 

No decorrer desta segunda parte além de mostrarem o cotidiano da guerra com tocais, atiradores de “elite”, armadilhas com bombas e a ânsia dos novos soldados por matar, mostram a desconsideração pela vida dos civis vietnamitas pelos soldados estadunidenses, pois afirmavam que eles vieram para ajudar, levar a liberdade, mas são traídos por eles, como se não quisessem a liberdade proposta pelos EUA.


Em um determinado momento o personagem principal, cujo apelido é Jocker (Curinga, piadista), é pedido para manipular as notícias que iriam ser divulgadas aos soldados, fazendo-os acreditar que eles estavam avançando. Em outro momento se destaca a discussão sobre a utilidade da guerra e a questão da dualidade humana, simbolizada no personagem principal pelo capacete escrito “Born to Kill”, Nascido para Matar e no broxe Hippie de paz e amor. 

O filme é muito bom, pois entretem e leva-nos a reflexão, como os porquês da guerra e a ideia de liberdade de uma pessoa ou país pode ser diferente da de outros. Trás no aspecto histórico informações sobre tática de guerrilha, manipulação da informação, as relações entre os soldados e desses com os civis vietnamitas, como com seus inimigos, prostituição, preconceito, doenças, medo e o fato de ser um episódio da História Mundial ressente, que tem sequelas até os dias de hoje.

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